Nós partimos do retrato evangélico de Maria. Ele é extremamente
rico e belo, e todos os feixes convergem para Jesus. No rosto da Mãe brilha o
esplendor do rosto do Filho. Não podemos encontrar Maria sem que ela nos dê a
mão para nos conduzir a Jesus. Nas avenidas do amor, ela caminha diante de nós.
Mas o Cristo, por sua vez, no-la dá: “Eis a tua
mãe!”. Ele no-la dá porque nos ama; ela faz parte do seu testamento. Ele no-la
dá com a capacidade de ser mãe e, portanto, com a capacidade de fazer nascer em
nós um coração de discípulo. Isso nos permite recorrer à Mãe; com ênfase ele
nos convida a fazê-lo. Caso contrário, Jesus nos poderia repreender: “Por acaso
eu vos dei a minha Mãe para nada?”. A quem Jesus dá a sua Mãe? A todos aqueles
que são verdadeiros discípulos.
Todo cristão, de qualquer denominação, se depara
com esta realidade: o Senhor veio por meio de Maria, pelo seu sim, pelo dom de
toda a sua pessoa ao Filho. Quanto mais um coração é atraído por Cristo, mais
ele deve estar cheio de gratidão para com Maria. Nasce então nele um olhar de
grande simpatia para com esta mulher, que é a Mãe de Jesus. Sim, se nós olhamos
Maria, livres de qualquer preconceito, veremos que ela é verdadeiramente a
“mulher vestida de sol”.
Assim, protestantes e católicos, vamos olhar-nos
com simpatia, orgulhosos da Mãe comum. Roger Schutz foi belo exemplo desta
simpatia. Ele dizia: “Encontrei a minha verdadeira identidade de cristão,
reconciliando em mim a fé das minhas origens reformadas com o mistério da fé
católica, sem romper a comunhão com quem quer que seja”.
Aliás, Deus se nos antecipou no amor; ninguém vai
amar Maria mais do que o seu Filho. Jesus pode dizer: “Eu amei a minha mãe e quero
que todos os meus discípulos a amem”.
O amor de Deus, manifestado em Cristo, é a
encruzilhada em que todos os cristãos podem encontrar-se, reconhecer-se e
acolher-se como irmãos. Este amor foi confiado a uma mulher das nossas, Maria,
e dela nasceu aquele que por nós é o Senhor Jesus.
Do livro Maria dos Evangelhos, de Paulinas Editora.
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